quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Sete Cidades - Miradouros e Lendas


Hoje propomos um passeio até às Sete Cidades.

Sete Cidades é uma freguesia portuguesa do concelho de Ponta Delgada, Região Autónoma dos Açores, com 19,22 km² de área e 858 habitantes (2001). Densidade: 44,6 hab/km². Localiza-se a uma latitude 37.87 norte e a uma longitude 25.78 oeste, estando a cerca de 260 metros de atitude no interior da caldeira do vulcão das Sete Cidades, na margem oriental da lagoa do mesmo nome.

O nome da freguesia tem raízes nas lendárias Sete Cidades do Atlântico e é uma das múltiplas ocorrências do topónimo nas zonas de expansão portuguesa quinhentista.

Situada na parte plana da margem da Lagoa Azul, a freguesia conserva casas tradicionais, algumas ainda com os graneis de pés altos.

Em termos arquitectónicos, destacam-se a Igreja de São Nicolau, em estilo neogótico, inaugurada em 1852, a casa dos herdeiros de Caetano de Andrade, e o túnel de descarga da lagoa, inaugurado em 1937.

Na sua viagem para as Sete Cidades pode parar em vários miradouros e apreciar a vista para a Lagoa. Sugerimos os seguintes miradouros:

  • Miradouro do Cerrado das Freiras - este miradouro oferece uma perspectiva panorâmica da lagoa das Sete Cidades, e localiza-se na descida da serra a caminho das Sete Cidades. Deste miradouro obtêm-se uma panorâmica mais próxima sobre a lagoa Azul e terrenos circundantes.
  • Miradouro da Vista do Rei - Miradouro situado a sul da caldeira vulcânica da Lagoa das Sete Cidades, junto à Lagoa Verde. Este miradouro está no local onde o rei D. Carlos e a rainha D. Amélia apreciaram a vista.
  • Miradouro da Lomba do Vasco - Miradouro situado junto à caldeira da Lagoa das Sete Cidades, com vista privilegiada sobre a costa noroeste da ilha de S. Miguel, com destaque para a localidade de Mosteiros, com os seus pequenos ilhéus em frente.
  •  Miradouro de Santa Bárbara - Miradouro situado na cumeada do lado norte da Lagoa das Sete Cidades, com a lagoa Azul em frente e a lagoa Verde ao longe, no lado oposto do Miradouro da Vista do Rei.
  • Miradouro do Pico da Cruz - O Pico da Cruz é o ponto mais alto da cumeada da caldeira da Lagoa das 7 Cidades. Com uma altitude de 845 m, junto a um vértice geodésico, tem uma vista privilegiada sobre toda a caldeira vulcânica e as suas diversas lagoas.
  • Miradouro da Grota do Inferno - Situado junto à Mata do Canário, no Parque do Canário onde se situa a Lagoa do Canário e um agradável parque de merendas, este miradouro tem uma vista soberba sobre a Caldeira das Sete Cidades.

A beleza da lagoa, com a sua cor azul de um lado e verde do outro, situada numa caldeira vulcânica, num maciço onde marcam presença mais 18 outras lagoas com formação diversa e com o mar à vista, transmite a este lugar uma magia muito própria. São por isso inúmeras as histórias e lendas acerca dela.
Lendas das Setes Cidades

A Lenda das Sete Cidades, Terra de Atlantes é uma tradição oral da ilha de São Miguel, nos Açores. Engloba os mitos da lendária Atlântida, descrita por Platão, e a fé cristã.
 
Conta a lenda que na ilha das Sete Cidades vivia uma princesa muito bonita de nome Eufémia, filha do rei Atlas e neta do deus Júpiter. A princesa tinha uma alma bela e pura, como o seu corpo. Adorava a liberdade, e por isso recusou o casamento preparado por seu pai com um dos filhos de Neptuno, monarca de outros tantos reinos na Atlântida.
Neptuno ficou muito ofendido com a recusa da princesa Eufémia e mandou destruir o reino do seu pai, tendo nessa contenda morrido a princesa. No outro mundo a princesa ter-se-á convertido à fé cristã e desejado voltar à Terra para espalhar o bem. O seu desejo foi satisfeito.
Quando voltou à terra para cumprir os seus novos desígnios, foi posta numa ilha a que alguém num passado muito antigo tinha dado o nome de Sete Cidades. Era então um local muito pobre, onde se vivia em grande miséria e dor. Com a chegada da princesa, rapidamente as coisas começaram a mudar e a vida melhorou nas Sete Cidades, levando ao desaparecimento da dor e da miséria.
Actualmente, na ilha de São Miguel ainda há quem acredite que a bela princesa Eufémia habita a ilha. Vive na caldeira dentro do grande vulcão que fez nascer o Vale das Sete Cidades, encarnada numa bela solanácea de frutos cor de laranja e muito sumarentos, e cujas folhas têm excelente aplicação medicinal. Diz a lenda que "Aquele que beber deste mágico filtro espiritual fica curado das suas mágoas, defendido dos seus infortúnios".

A Lenda do Bispo Genádio e as Sete Cidades é uma tradição oral da ilha de São Miguel, nos Açores. Está relacionada com o mito das Sete Cidades, num ambiente de guerras e feitiços.
 
Genádio era um rapaz que tivera toda uma juventude de aventuras. Era o filho mimado e rico de um pai poderoso. Um dia descobriu que tinha poderes especiais, particularmente de necromante. Um dia Genádio fartou-se da vida que levava, e fez-se padre e anacoreta. Assim consagrou toda a sua vida e existência a Deus.
Juntando as suas capacidades de necromante à actividade de religioso, rapidamente fez fama que se espalhou e depressa chegou aos ouvidos do Sumo Pontífice, que depois de ouvir os que se contava resolveu fazê-lo bispo. Graças aos seus dotes, depois de arcebispo rapidamente chegou a bispo, sempre usando as suas capacidades de Necromancia.
Numa noite uma criança recém-nascida foi posta na porta da sua igreja da sua diocese. Recolhida pelo bispo, a linda menina foi rodeada de todos os carinhos. Como não se sabia quem eram os pais, ficou ao cargo do bispo e foi educada como princesa.
Foi por estas alturas que as hostes de Mafamede invadiram a Península Ibérica. Vendo-se em perigo, o Bispo Genádio resolveu reunir todos os seus condiscípulos e partir. Mandou construir uma frota de grandes barcos e partir para o Grande Mar Oceano Ocidental acompanhado pela menina que adoptara e por grande número de cidadãos.
Depois de muitos dias a navegar no oceano, chegaram a uma ilha desconhecida e desabitada. Nessa ilha fundearam os seus barcos e resolvendo-a adoptar como sua fundaram ali uma grande cidade por cada um dos arcebispos que acompanhavam a cúria, no total de Sete Cidades.
Depois de muitos anos, a menina de então cresceu para se tornar um bonita moça que começava a chamar à atenção de quem a via. À medida que se transformava em mulher, sonhava e esperava um dia voltar ao grande e distante continente de onde um dia partira. As suas confidências para com as aias chegaram ao conhecimento do bispo que, cioso e com medo de perder a pureza da jovem, preparou-se para a defender de quem a pudesse pretender.
Não tendo outras armas de que se socorrer, voltou a recorrer das suas antigas práticas de necromancia e magia para ocultar a ilha de quem dela se aproximasse. Mas numa certa manhã ensolarada surgiu uma caravela no horizonte, que rumava à ilha e trazia desenhada no velame a Cruz da Ordem de Cristo.
Furioso, Genádio vociferava pelos corredores do seu palácio, sem entender por que os seus dotes de necromancia estavam a falhar. E quando a caravela já estava perto da terra e quase a acostar, recorreu aos extremos do seu satânico poder. Repentinamente e sem qualquer aviso, a bela e encantadora ilha transformou-se em um enorme e furioso vulcão que explodiu, destruindo todo em seu redor. Assim ficou apenas na memória dos poucos sobreviventes a lenda das Sete Cidades que tinham sido fundadas por Genádio e pelos seus seguidores.



A Lenda da Ilha das Sete Cidades é uma tradição oral da ilha de São Miguel, nos Açores. Versa sobre a descoberta de uma terra lendária relacionada com o mito das Sete Cidades.

Reza a lenda que quando os árabes Tárique ibn Ziyad e Musa ibn Nusair vieram do Norte de África para levar a cabo a invasão muçulmana da Península Ibérica, sete bispos cristãos que viviam no norte peninsular, algures pelos arredores de Portucale, tiveram de fugir à horda invasora. Partiram para o mar em busca da lendária e remota ilha Antília, ou Ilha das Sete Cidades, que segundo uma lenda já antiga nesses tempos, existia algures no Grande Mar Oceano Ocidental.
Dessa partida mais ou menos precipitada ficou o registo na linguagem popular, ao ponto de séculos mais tarde, já depois da Reconquista cristã, os reis de Portugal terem manifestado o desejo de alcançar essa ilha perdida no mar. Dizia-se que para os lados do Oriente ficava o reino do Preste João, e para o Ocidente, no Grande Mar Ocidental ficava a ilha de Antília ou Ilha das Sete Cidades.
Do medieval reino de Portugal partiu um dia uma caravela denominada "Nossa Senhora da Penha de França" (nome actualmente vulgar em vários locais e em varias ilhas dos Açores) com o objectivo de um dia encontrar essa lendária ilha perdida e para muitos encantada.
A caravela navegou para Ocidente durante muito tempo, passou por grandes ondas e peixes gigantes, calmarias e tempestades. E foi depois de uma dessas tempestades, depois do desanuviar dos nevoeiros de São João, que se lhes deparou uma ilha no horizonte. Rapidamente rumaram para a nova terra avistada e pouco depois aportaram numa terra maravilhosa, coberta de verdes sem fim e de azuis celestiais.
A caravela esteve fundeada por três dias, os marinheiros desembarcaram e com eles três frades que procuraram estabelecer relações com o monarca da ilha. Visitaram palácios, florestas, rios e lagos, e estudaram os costumes dos locais. Escutaram e aprenderam a linguagem dos habitantes, por sinal muito parecida com a que se falava no Portugal de então.
No final dos três dias de estadia em terra, os três frades e todos os marinheiros voltaram para a caravela com o objectivo de voltar ao reino de Portugal a contar ao rei a nova descoberta. No entanto, mal se começaram a afastar da costa a ilha foi repentinamente envolta por brumas, e como que por encanto desapareceu no mar.
Depois de narrados os acontecimentos ao rei português, este mandou uma embaixada para estabelecer relações com a nova ilha e não a encontraram. Foram feitas muitas buscas durante muitos séculos, até que um dia como que por encanto a ilha se deparou novamente às caravelas portuguesas. Estranhamente, encontrava-se desabitada, pelo que foi ocupada pelos portugueses, que deram à caldeira central do seu vulcão mais emblemático o nome da terra lendária de Sete Cidades.
Ainda hoje, por vezes, a caldeira e o seu gigantesco vulcão vivem no mundo das nuvens. Quem chega ao Miradouro da Vista do Rei, num dos rebordos da caldeira, tem uma visão deslumbrante do Vale das Sete Cidades, que por vezes aparece e desaparece nas nuvens e nevoeiros. É uma região onde as nuvens pairam, entre o céu e a terra. A luz por vezes parece difusa envolta numa névoa de estranho mistério.

A Lenda da princesa e do pastor no reino das Sete Cidades é uma tradição oral da ilha de São Miguel, nos Açores. Versa sobre a origem das lagoas da caldeira do vulcão das Sete Cidades que, apesar de unidas, têm duas cores diferentes, sendo uma verde e outra azul. Esta lenda faz parte do complexo lendário das Sete Cidades, um reino antigo e mítico, perdido algures no grande mar oceano acidental.
Os reis desta terra encantada tinham uma linda filha que não gostava de se sentir presa entre as muralhas do castelo e saía todos os dias para os campos. Adorava o verde e as flores, o canto dos pássaros, o mar no horizonte. Passeava-se pelas aldeias, pelos montes e pelos vales.
Durante um dos seus passeios pelos campos conheceu um pastor, filho de gente simples do campo que vinha do trabalho com os seus rebanhos. Conversaram quase toda uma tarde das coisas da vida, e viram que gostavam das mesmas coisas. Dessa conversa demorada veio a nascer o amor e passaram a encontrar-se todos os dias, jurando amores eternos.
No entanto a princesa já com o destino traçado pelos seus pais, tinha o casamento marcado com um príncipe de um reino vizinho. E quando o seu pai soube desses encontros com o pastor, tratou de os proibir, concedendo-lhe no entanto um encontro derradeiro para a despedida.
Quando os dois apaixonados se encontraram pela última vez, choraram tanto que junto aos seus pés aos poucos foram crescendo duas lagoas. Uma das lagoas, com águas de cor azul, nasceu das lágrimas derramadas pelos olhos também azuis da princesa. A outras, de cor verde, nasceu das lágrimas derramadas dos olhos também verdes do pastor.
Para o futuro ficou, reza a lenda, que se os dois apaixonados não puderam viver juntos para sempre, pelo menos as lagoas nascidas das suas lágrimas ficaram juntas para sempre, jamais se separando.

 A Lenda do rei Branco-Pardo e da rainha Branca-Rosa nas Sete Cidades é uma tradição oral da ilha de São Miguel, nos Açores. É uma das diversas lendas que procura explicar a formação da Caldeira das Sete Cidades no fundo da qual se encontra a bonita Lagoa das Sete Cidades.
 Em tempos havia um reino cujo monarca se chamava Branco-Pardo e a rainha Branca-Rosa. Este casal real não tinha filhos, facto que lhes causava grandes desgosto. Durante uma noite em o rei se encontrava no seu dossel, teve um sonho visionário em que lhe foi dito que lhe seria dada uma filha, sob a condição de tanto ele como a rainha só a verem quando a princesa completasse vinte anos. Como o rei não tinha herdeiros, concordou com o sonho e assim foi.
Algum tempo depois nasceu uma linda princesa que foi separada dos pais e retirada para o local das Sete Cidades, que o pai foi obrigado a mandar construir por ordem do seu sonho. A princesa partiu logo nas primeiras horas de vida sem ser vista por qualquer um dos pais, levada por uma ama.
Longa, de vinte anos, era a espera prevista, e a ansiedade também; a tal ponto que o rei Branco-Pardo, alguns anos depois e não podendo aguentar mais, um dia partiu para as Sete Cidades para ver a sua filha, mesmo contrariando a vontade dos deuses.
Ao chegar junto dos gigantes portões que fechavam a imensa muralha, o rei encontrou-os fechados. Mandou arrombar os portões e, no momento em que os portões finalmente cederam e começaram a tombar, a terra começou a tremer e um tremendo cataclismo vulcânico abateu-se dobre o reino.
No local das Sete Cidades onde a princesa vivia encontra-se actualmente a cratera do enorme vulcão das Sete Cidades, e o seu vale. No fundo do vale encontram-se duas lagoas: uma de águas verdes, onde se encontram debaixo das águas os sapatinhos da princesa que dão cor às águas; a outra lagoa, de cor azul, esconde sob as suas águas o chapéu azul que a pequena princesa trazia na cabeça.

Iremos continuar a falar das Sete Cidades, nomeadamente dos trilhos pedestres que pode efectuar neste local paradisíaco. 

















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